- Olá, posso ajudar?
- Sim, eu queria um top pra malhar.
- P ou M?
- Vou provar os dois.
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- Ficou bom? Sim, vou levar o M.
- Só isso? Quer dar uma olhada nas meias pra usar com legging curta?
- Não, obrigada. Prefiro aquela fuseau que não mostra a meia.
- Tem certeza? "Tá usando" muito agora!
Pilar left the conversation...
Uma das frases que eu menos gosto de ouvir quando vou a uma loja de roupas é: "Leva essa, 'tá usando' muito!!" Já olho para a peça de roupa com desdém, olho para a vendedora, dou um sorriso pesaroso e saio da loja com todos os meus devaneios e dúvidas existencialistas. Sei que é o trabalho delas, que elas têm que tentar empurrar o maior número de peças que puderem, pois dependem de comissões e trabalhar como vendedor deve ser muito cansativo. Mas a questão aqui não é se isso é errado, ruim, bom, pois vendedores às vezes dizem isso inconscientemente. O negócio é quando uma pessoa qualquer no mundo reproduz o comportamento da vendedora. Sim! Isso é um problema!
"Então quer dizer que ninguém mais no mundo, só vendedores podem usar essa frase?"
"Não! Talvez! Sim! Quem sabe? Será?"
O problema não é a frase em si, mas o que ela induz as pessoas a fazerem. Compramos coisas sem necessidade o tempo todo, embriagados pelas publicidades, revista de beleza, moda e a "caralhice" toda.
"Então os problemas são a publicidade, as revistas de beleza e de moda?"
"De certa forma, sim. Mas nunca serão um grande problema se você utilizar o seu filtro de 'caralhices'."
Não sou contra a publicidade, revistas de beleza e moda, inclusive tinha várias Vogues e Elles em casa. Acho que tudo isso faz parte do sistema, ajuda a movimentar a economia, emprega pessoas, alimenta bocas. Isso é legal! Só não é legal quando nos tornamos escravos dessa publicidade. Gritam as propagandas: "Tendência! Tendência! Tendência!", numa tentativa inconsciente, talvez consciente, de hipnotizar mais ainda os seres de luz desse mundo. E nós cegos, sem saber porque desejamos, mas desejando o desejo de desejar. E mais, mais, mais...
Devemos realmente dar tanta importância a tudo isso? Devo desbravar montes a fim de obter um produto que vai me dar uma sensação momentânea de que eu estou com a maioria? E o que há de tão interessante em estar igual a maioria se o bacana é a diversidade? A beleza não estaria em acentuar peculiaridades para que deixemos o mundo mais colorido?
Questione-se antes de comprar algo:
- pergunte-se se está comprando porque gosta, porque se identifica ou se é porque está se usando muito e você não quer ficar de fora. O problema de comprar algo que está em voga é que pode ser que você use uma vez e the end;
- construa um estilo que seja compatível com seu estilo de vida. Muitas vezes compramos coisas que sabemos que nunca iremos usar;
- valorize o seu tipo de corpo, mas também não deixe de usar uma peça de que você gosta muito porque, teoricamente, não se adequa ao seu biotipo.
A ideia aqui não é ir contra tudo e contra todos, mas consumir de forma consciente, questionar o que e por que consumimos para não engolirmos tudo o que tentarem nos enfiar goela abaixo, não só em questão de consumo, mas em tudo na vida.
E quanto às meias por cima das leggings curtas, acho horripilantes! Prefiro polainas. Maaas, gosto é gosto.
E quanto às meias por cima das leggings curtas, acho horripilantes! Prefiro polainas. Maaas, gosto é gosto.