Jamais conseguiria me lembrar, de maneira exata, quando comecei a ter receio de mostrar os "seios" em público. Não tenho certeza se entre 6 e 7 anos ou se especificamente com 9, quando estava brincando de X-MEN e notei que havia uma saliência despontando do lado direito. Adivinhem quem eu era? A Tempestade entrando na puberdade.
Queria mostrar pra Deus e o mundo aquela protuberância que estava ali, ganhando vida, tomando forma. Contei pra minha mãe e ela me explicou que meu tecido mamário estava começando a se desenvolver e que tudo o que estava acontecendo era normal. À época, tinha algumas amigas que já estavam com os seios em formação. Umas tinham até um pouco de vergonha de tomar banho na frente das outras meninas, e de trocar de roupa também. Percebia que outras até andavam um pouco curvadas pra não chamar atenção. Eu olhava admirada (seios sempre me fascinaram), mas só pude fazer mais parte desse mundo após vivenciar esse período e compartilhar minha história com elas.
Eu, particularmente, não tinha vergonha de expor os "peitinhos" na frente de outras meninas, mas e na frente de meninos? Começavam aí as inquietações psicológicas e, logo mais, os incômodos físicos. Seios crescendo são algo bem desconfortante, ainda mais quando se está acostumada a se jogar de bruços na cama. Aproximar a mesa da escola e, sem querer, encostá-la nos "mini seios" ao afastá-la pra mais perto, boladas de "queimada" ou até interceptações comuns de algum arremesso leve são alguns dos exemplos de situações dolorosas que uma garota enfrenta ao entrar na puberdade - sob o risco de perda total. Caso a bolada fosse muito forte, era preciso conferir se a "pedrinha" ainda estava lá. Assim nos orientavam as mais experientes.
Eu, particularmente, não tinha vergonha de expor os "peitinhos" na frente de outras meninas, mas e na frente de meninos? Começavam aí as inquietações psicológicas e, logo mais, os incômodos físicos. Seios crescendo são algo bem desconfortante, ainda mais quando se está acostumada a se jogar de bruços na cama. Aproximar a mesa da escola e, sem querer, encostá-la nos "mini seios" ao afastá-la pra mais perto, boladas de "queimada" ou até interceptações comuns de algum arremesso leve são alguns dos exemplos de situações dolorosas que uma garota enfrenta ao entrar na puberdade - sob o risco de perda total. Caso a bolada fosse muito forte, era preciso conferir se a "pedrinha" ainda estava lá. Assim nos orientavam as mais experientes.
Desconfortos à parte, era estranho pensar que, a partir de agora, eu não poderia mais ir à praia ou à piscina sem a parte de cima do biquíni. Não posso afirmar que foi algo imposto por uma pessoa específica, mas, sem dúvida, o que as pessoas mais próximas me diziam, influenciaram na construção do meu constrangimento. E, claro, seios femininos possuem toda uma carga de sexualização e tabu, perpetuada ao longo da nossa história.
Entretanto, anos mais tarde, tais imposições me fariam descobrir três grandes prazeres da vida:
Entretanto, anos mais tarde, tais imposições me fariam descobrir três grandes prazeres da vida:
- Tirar o sutiã ao chegar em casa;
- Usar blusa sem sutiã por baixo;
- Fazer topless na praia (ainda que um topless bem tímido...).
Era uma manhã de início de setembro e eu estava passando férias com minha prima-irmã em Cartagena, Colômbia. Procurávamos uma praia mais afastada da cidade, de areia clara e água cristalina. Andamos alguns minutos pela areia da praia de Castillo Grande, onde o táxi nos havia deixado, olhamos um pouco adiante e vimos uma faixa de areia do outro lado. Após uma travessia de 15 minutos de barco com dois barqueiros locais, chegamos à praia de Punta Arena. Areia clara, água cristalina, porém não muito limpa e barracas aconchegantes. Após combinarmos o horário da volta com o nosso barqueiro, tiramos fotos e nos jogamos na água. Mais tarde, pedimos o almoço e nos acomodamos, tomando um suco e compartilhando nossas aventuras em terras colombianas, muito parecidas com as brasileiras, com uma dupla de meninos de Niterói, que conhecemos ali.
Após acordar de uma soneca revigorante, em uma tarde quente, na praia movimentada, avistei o que parecia ser uma mulher de óculos, morena clara, deitada na areia somente com a parte de baixo do biquíni. Tive que olhar várias vezes antes de ter certeza se realmente era uma mulher, pois ela estava de bruços. Minutos depois, ela virou de barriga pra cima e eu pude ver que se tratava, sim, de uma mulher fazendo topless. Ela permaneceu um bom tempo naquela posição e depois foi ao mar se refrescar, como se não houvesse amanhã. E repetiu esse mesmo ritual várias e várias vezes. Eu não conseguia parar de olhar. Contemplava e sentia um misto de admiração e inveja. Eu sempre quis fazer aquilo.
Prontifiquei-me a me permitir, mas hesitei várias vezes. Fiz que ia, mas não fui. Olhava para minha prima, que me encorajava com sinais de aprovação, mas que disse que não se aventuraria. Continuei sentada. Levantei, fui ao mar. Sentei novamente, até que criei coragem. Estendi minha canga na areia, deitei de bruços, tirei a parte de cima, como se fosse apenas pegar um sol nas costas para não ficar marca. Após alguns vários minutos (pensando que segundos depois de virar, seria presa por atentado ao pudor e sairia dali, algemada/esculachada), virei. Deixei a parte de cima de lado, bem perto, caso precisasse sair dali correndo. Senti um misto de excitação, medo e liberdade incomuns. Senti-me uma transgressora, uma criminosa, uma contraventora das mais perigosas, pois estava de peito aberto, literalmente, deixando a minha pele absorver aquele sol de meio de tarde. Ao menos estava com o chapéu na cara, o que protegeria meu rosto do sol e de algum possível registro fotográfico de alguém que se atrevesse a fazê-lo.
Foram vinte minutos de mamilos ao ar livre com pessoas por perto, que inclusive não me olhavam com olhar de reprovação ou que, simplesmente, nem me olhavam. Vinte minutos que resgataram reflexões de anos e que me fizeram sentir mais aliviada e natural.
Tirei o chapéu do rosto e sentei, por um instante, sob o olhar de cumplicidade da mulher que, mesmo inconscientemente, me incentivou a, naquele momento, me despir de culpa, de medo e de vaidade.
Tirei o chapéu do rosto e sentei, por um instante, sob o olhar de cumplicidade da mulher que, mesmo inconscientemente, me incentivou a, naquele momento, me despir de culpa, de medo e de vaidade.