quinta-feira, 22 de março de 2012

Bom estar contigo na televisão: figurinos da minha vida I

Este é o primeiro de vários posts sobre figurinos de filmes que marcaram a minha vida. Confesso que a minha fascinação por figurinos começou quando eu ainda era criança e gostava da XUXA. Sim! Achava lindos e super futuristas os figurinos que ela usava nos programas. Aqueles shorts curtinhos com botas de cano alto, blusas com ombreiras em tecidos brilhantes e muito coloridas e as "xuxinhas" (prendedores de cabelos) que, imagino eu, passaram a ser chamadas assim por causa dela.


Tentei achar uma foto para ilustrar o alvo da minha primeira tentativa de reproduzir um figurino e a única que achei foi esta. É a roupa que Maria da Graça usa em sua apresentação final cantando Lua de Cristal. Minha mãe me contou e eu me lembro vagamente de pegar pedaços grandes de papel higiênico e colocar nas alças de um vestido para parecer o vestido esvoaçante cheio de tiras que ela usava no filme.

Lua de Cristal (1990)


Outro filme da Xuxa que também me atraía pelo figurino, além da graça que tinha por ser um filme com Mussum, Zacarias, Dedé e Didi era A Princesa Xuxa e Os Trapalhões, de 1989. Por ser uma estória que se passa em um planeta fictício, Antar, percebe-se que os figurinistas tiveram certa liberdade para criar, a partir da ideia de como seria viver em um planeta como este. Talvez tenham até se inspirado em outros filmes como A História sem Fim I e II e Labirinto, a magia do tempo, filmes um pouco mais antigos que os da Xuxa, mas que aos quais só tive acesso alguns anos depois. 
Xuxa, como princesa Xeron.

É perceptível o uso de elementos visuais baseados nas roupas de séculos passados e no universo da fantasia. Aqui tem-se o cetro de princesa, as armações em volta da cabeça que lembram uma coroa e o vestido longo que remete aos da Idade Média.


Esta produção, na minha opnião, é a mais marcante do filme. A gola armada do vestido lembra os rufos renascentistas do séc. XVI. Os brincos e o corpete que marca muito bem o tronco, auxiliam na construção de uma estética vanguardista. 
Gola Rufo, Renascimento. Pintura de Anthonis van Dyck.
 
O próximo é o mais antigo dos três. Nesta estória, Xuxa passa praticamente o filme todo com o mesmo look, em busca de seu cãozinho Xuxo, percorre um labirinto, sobe em galhos de uma árvore, nada com botos e finalmente encontra o vilão que detém seu cachorro. Posso afirmar, por ter visto tanto um quanto outro, que Super Xuxa contra o baixo astral é uma cópia de Labirinto, a magia do tempo. O roteiro segue a mesma linha. Todavia, devo ressaltar aqui os pontos visuais, que são o assunto em questão. Xuxa usa uma diadema que também lembra uma coroa, só que mais discreta e adaptada. A bota branca, o short branco muito curto e de cintura alta e a blusa frente única e com estampa de arco-íris ficavam completos com a jaqueta também branca. Toda vez que eu ia comprar tiaras tentava achar uma igual a esta. 
Em 1991, em uma apresentação de escola, dancei a música-tema deste filme. Eu era uma das crianças que representavam a cor laranja do arco-íris. Usei uma saia alaranjada de pregas e uma camiseta com mangas desta mesma cor e branca no meio. O arco-íris foi confeccionado com lantejoulas e eu também usei uma tiara laranja. Xuxa fez parte da minha infância!
Super Xuxa contra o baixo astral (1988)

Aqui estou eu dançando a música-tema do filme, em 1991.
A intenção aqui não é aprofundar-me na estética de cada filme, mas fazer um apanhado de elementos marcantes que, de certa forma, tiveram certa influência na minha noção de produção visual. E quanto a você? Quais filmes tiveram uma influência marcante no seu modo de ver as cores e o mundo? Aguardem mais posts sobre os filmes e seus respectivos figurinos que marcaram a minha vida. Hasta luego!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Um ano sem comprar roupa: que comecem os jogos!



- Você vai ficar um ano sem comprar roupa?
- Sim.
- Eita! Mas isso inclui sapatos, acessórios e afins?
- Sim.
- Você vai conseguir?
- Espero que sim!

Quando me propus a ficar sem comprar roupa por um ano eu não achei que seria fácil, é claro. Mas em uma semana de "promessa" eu ainda não tinha sentido na pele a tentação de querer algo e não poder comprar. Algo que pode acontecer em vários momentos como, por exemplo, quando não se tem dinheiro. No meu caso, eu tinha dinheiro, mas tive que parar para pensar mil vezes. Antes de qualquer coisa, eu tinha feito uma “promessa”. O segundo pensamento era se eu realmente precisava daquela peça de roupa e em que ocasião iria usá-la. 
E pra começar o teste: ZARA. Na realidade não foi teste, pois minha irmã estava precisando de blusas e resolveu entrar lá. A Zara, na minha opinião, tem roupas de muito bom gosto. Eles confeccionam roupas que tem a ver comigo, muito a ver comigo. Ao entrar na loja já me deparei com várias peças que me atraíam. Os terninhos coloridos que são sempre muito caros, mas produzidos em cores lindas e que permeiam a minha imaginação: “Este posso usar com aquele short e a blusa tal”. Depois avistei os casquinhos clássicos em cores inéditas; eu tenho um verde, um vinho e um azul marinho, mas tinha um turquesa lá que estava maravilhoso. Logo, passamos pela parte mais juvenil e eu encontrei vários vestidos e blusas em um tom de verde que é o meu preferido, um verde esmeralda bem escuro. 
Não havia pego nada para experimentar. Admirei, ajudei minha irmã a escolher umas peças, até que ela achou uma peça e disse que era a minha cara. Era uma calça verde militar bem justa com recortes e quatro zíperes frontais dourados, dois de cada lado. Na hora pensei: "Vou provar, mas não vou comprar, é só para ver como fica". Entrei no provador, vesti a calça, tentei achar um mínimo defeito. Saí pra mostrar pra minha irmã, que estava com minha mãe no provador ao lado e falei: "Olha aqui, fiquei sem bunda". As mulheres que estavam por ali transitando pelos provadores me olharam por um instante e disseram: "Sem bunda? Nossa! Essa calça ficou ótima em você. Leva, leva, leva!" 
O que vocês acham que eu fiz? Olhei a calça mais umas 13 vezes e lembrei da “promessa”, pensei se precisava mesmo de uma, sendo que eu já tenho várias, não iguais a essa, mas tenho várias calças e pensei também em que ocasião iria usá-la. Por um momento considerei ignorar a "promessa" e abrir uma exceção, pois levei em conta que realmente não tenho nenhuma calça naquele verde e também visualizei várias ocasiões em que poderia usá-la. Foi aí que fiz a pergunta crucial para a atendente: "Quanto custa?" Ela respondeu: "R$119,00". AHHH! De repente, a mulher tacanha que existe em mim em certos momentos falou mais alto e eu acabei não comprando a tal calça. Fui até a parte masculina acompanhar meu irmão, feliz da vida por ter poupado e por ter respeitado a minha própria decisão. Depois saí da loja, saltitante, abastecida de sacolas de roupas, mas que não eram minhas. Ufa!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Um ano sem comprar roupa


Dando uma olhada em meu armário, percebi que tenho muitas roupas. Algumas não uso há muuuito tempo, pois nem me lembrava de que elas estavam ali. Outras resolvi que não queria mais e parei para me questionar:

"Por que tenho tantas roupas? Por quê?"

Porque eu estou sempre comprando. Claro que não é nada fora do comum, se me comparar a mulheres que fazem compras todo mês. Vejo algo que me agrada, dou um jeito de comprar.
Acontece muito no universo feminino, não só quando se trata de roupa, mas com sapatos também, acessórios, produtos de moda em geral. Toda vez que vamos a um casamento, precisamos de um vestido novo: “Ai, com esse eu não vou de novo, todo mundo já me viu com ele!” Então compramos ou alugamos outro vestido. Vamos à praia, precisamos comprar um biquíni novo, sendo que temos 10 biquínis e usamos 1 ou 2. E bolsas? Temos 20 e usamos, no máximo, duas. Brincos, cintos, meias, sapatos... Sapatos? Muitas mulheres têm mais pares de sapatos do que livros e sempre querem mais. É natural do ser humano e o sistema a que estamos submetidos funciona assim, pois precisamos consumir pra que haja mais produção e o ciclo continua. E blablablá...
Entretanto, além dessa necessidade natural, nos deparamos com a palavra mágica PROMOÇÃO. Ela nos puxa pra dentro da loja e mesmo não precisando, passamos a desejar algo porque está barato e depois muitas vezes nos arrependemos de ter comprado. Na hora de comprar é necessário ter foco. Mas sobre este assunto eu falo em outro momento. 
Ademais, nós mulheres, temos “medo” de sair de casa com a roupa repetida, pois é algo que nós reparamos nas outras pessoas. Os homens adoram repetir roupas e são felizes assim. Por que não podemos?
O fato é que, diante destas constatações, me propus a fazer o seguinte: não comprarei roupa por um ano. Exato! Não gastarei 1 centavo comprando roupa e tentarei usar todas as que tenho. Isso inclui sapatos e objetos de moda em geral. 

E você? Por que não faz o mesmo? Não precisa ser um ano de uma vez. Pode começar com 3 meses, 6 meses... E se alguém vier falar alguma coisa, podemos dizer que ao menos temos dinheiro para nos divertir sem precisar ficar no cheque especial ou sem estar devendo horrores no cartão de crédito. Isso! 

Não pretendo, com este post, fazer parte da onda em defesa do desenvolvimento sustentável que virou tendência nos últimos anos, apesar de eu ser uma amante da natureza e mesmo sabendo que essa iniciativa pode ajudar na preservação do meio ambiente, de certa forma. A ideia é otimizar aquilo que se tem e se for benéfico ao meio ambiente, melhor ainda.

Mas comprar é algo que dá muito prazer! Como resistir? É possível? Veremos!

segunda-feira, 12 de março de 2012

O que a roupa representa na sua vida?

A princípio, era minha intenção criar um blog sobre estilo para poder compartilhar experiências, expor algumas influências sobre o meu estilo e postar looks produzidos por mim. Hoje, recebi uma mensagem de uma companheira de faculdade que está produzindo um artigo científico para conclusão de sua pós-graduação em Pesquisa de Comportamento e Consumo de Tendência. Ela se chama Talitha e me fez a seguinte pergunta:

- O que a roupa representa na sua vida?

Esse foi o pontapé inicial, o empurrão que eu precisava para postar. Antes de mais nada, devo admitir que eu era uma criança muito apegada a certas roupas que eu tinha, bonecas, jogos, sapatos. Sempre tinha uma roupa que era minha preferida: porque tinha sido presenteada pela minha madrinha; porque meu pai tinha trazido da Europa; porque eu gostava das cores, da estampa, do cheiro. Na marioria das vezes, o que mais me fascinava eram as saias rodadas, no auge da carreira de Beto Barbosa, as roupas colantes, pois eu fazia aulas de jazz e as que tinham sido costuradas pela vizinha, ou pela minha tia, pela minha avó, pela minha mãe. Ahhh, minha mãe tinha roupas, sapatos e cintos que me faziam desejar ser adulta para poder usá-los. Eu dizia: "Mãe, guarda pra quando eu crescer?"
Quando eu era criança, a roupa era para mim um objeto atraente, mais do que uma proteção, mais que uma cobertura. Era um objeto que vinha cheio de valores agregados. "De onde vinha?" "Por que escolheram aquelas cores?" "Ou aquele tecido?" "Por que aquela estampa?" Filmes, novelas, videogames, mulheres próximas a mim, tudo isso influenciava na descoberta e na concretização de um estilo. É claro que eu não entendia muita coisa, mas aquilo estava se formando, algo que passaria a fazer parte da minha vida.

Meu primeiro vestido de festa junina. Gostava muito porque era o primeiro, pela sua estampa e porque tinha sido criado pela vizinha, que era costureira. Ter que acompanhar todo aquele processo de construção, provar várias vezes antes de ficar pronto, vê-la anotando as medidas era muito prazeroso.
Eu gostava desta fantasia porque era para a apresentação de Lua de cristal e eu era fã da Xuxa. Tive que ir a uma loja de tecidos e lembro-me de ter ficado maravilhada vendo vários padrões, lantejoulas e filós de todas as cores. A boa sensação permanece até hoje.

O vestido das ocasiões especiais. A estampa era o que mais me agradava.

Meu pai trouxe esta sai vermelha da Espanha e tinha suspensórios. Adorava suspensórios!
Adorava rosa nessa época e este par de sapatos também.
Sabe aquelas roupas que você gosta tanto que você pede para a sua mãe guardar? Fiquei um bom tempo usando essas duas peças...Papai trouxe da Espanha.
Esse par de sapatos era meu xodó. Guardava sempre na caixinha e ficava torcendo para ter um evento importante e poder usá-lo. Usei pela primeira vez na formatura da pré-escola.
Esse conjunto remetia a algo meio ciganinha, meio Babalú, de Quatro por Quatro.

Na adolescência, quando criava minhas próprias indumentárias, pois não achava algo que me agradasse, passei a refletir mais sobre a criação, o processo inicial e toda a preparação para a produção de uma coleção. Passei a conhecer mais a respeito dos estilistas e da vida deles. Passei a querer ser como eles.
Hoje, a roupa e os objetos de moda em geral, na minha opinião, são uma exteriorização dos nossos desejos e influências, o que não é uma novidade. É como projetar em um objeto a sua carga vital, aquilo que te move, aquilo que te dá prazer. É muito mais do que cobrir a nudez. É cobri-la para que ela volte a ser nudez. 

Visitem também o blog da Talitha: http://talithaoliveira.wordpress.com/